quinta-feira, 5 de outubro de 2017

CRIANÇAS EDUCADAS



               “Educai as crianças e não será preciso punir os homens.”
               Com raras exceções, as crianças são o espelho da família e afloram os problemas e defeitos de um ou de outro.
               Quando a gente viaja no intuito de relaxar e não  carrega filhos ou netos na comitiva, o que menos se deseja é topar com crianças mal educadas, sem limites, barulhentas e choronas.
               Na verdade, o melhor seria nem nos darmos conta delas, mas, por um vício familiar, acabamos por prestar atenção em cada pequerrucho e suas peculiaridades.
              Numa viagem, comentei sobre os trigêmeos que encontrei no hotel e que nem uma vez sequer apareceram no colo da mãe, sempre a cargo de suas três babás, em piscinas diferentes, fazendo refeições em horários distintos, de modo que a rotina de descanso e lazer da mãe (Mãe?) não fosse abalada. Curioso é que os avós também estavam presentes, todavia cumpriam igual ritual: sol, jacuzzi, hidro, relaxamento, sem jamais desfilarem com um dos netinhos que fosse ao colo. Pobres crianças ricas!
               Um casal cujo pai já ostentava alguns cabelos brancos, com um casal de filhos lá pelos dez anos, fez o contraponto, apresentando crianças educadas, que se serviam sozinhas de muita salada, muitos legumes, muitas frutas e comiam  de tudo com a maior educação. Crianças pedindo "por favor" e "com licença", sem empurrar, sem correr, sem gritar. Dava gosto ver!
               Havia também bebês que só comiam batata frita e pão de queijo, além de mamadeiras de sucos ou refrigerantes e sempre berrando, mexendo em tudo, virando tudo no chão.
               Um casal de gêmeos alimentado pelos pais com feijão, arroz e carne, firmemente sentados em suas cadeirinhas, até serem liberados para brincar... com seus brinquedos e não com a comida. Outra bonita exceção!
                Uma menininha chamou minha atenção, lembrando ainda mais minha Bruninha. Clara e decidida, quando o pai lhe perguntou por que não queria mais assistir ao show dos recreacionistas, respondeu categórica: Porque está muito chato. E estava mesmo. Noutra ocasião, quando o pai insistia para que comesse banana, ela saiu com esta: Isto é macaco que come! Por último, sonolenta, reclamou: Não gosto dessa coisa de vir todo dia aqui tomar este café da manhã! Deve ter uns três anos, mas já sabe o que quer.
                   Prefiro citar as honrosas exceções (ainda que fossem mesmo exceções), porque enumerar malcriações não tem a menor graça. Isso que nem me referi neste texto aos adolescentes e jovens, aqueles dos pés sobre o sofá, risadas estrondosas até durante a apresentação de um instrumentista e por aí afora. Só dinheiro não basta, é preciso mais, muito mais.
                   Voltando aos bons exemplos, um casal com dois meninos deu uma demonstração cabal de paternidade responsável. Ao invés de jogá-los dia e noite para os recreacionistas, aproveitavam o feriado para conviver com eles e treiná-los para a convivência em sociedade. Jogavam xadrez com as crianças e os levavam para ouvir música ao vivo antes do jantar, sempre com muito carinho e conversa. Pois os pequenos jamais atrapalharam o cantor ou os ouvintes, portando-se melhor do que muitos dos adultos presentes. 
                  Agora, não há nada pior do que criança grande folgada. Aquelas que se jogam na piscina quase em cima das pessoas, que colocam de tudo no prato e mal provam, que gritam pelos corredores e interrompem a conversa dos adultos, achando que podem tudo e não admitindo serem chamadas à atenção. Pobres professores!
                  Conversa, carinho, orientação, limites, exemplo, parece ser a chave de tudo, seja em que meio for, seja rico ou pobre, sempre.
                   Para que as crianças não tenham que ouvir rispidamente dos estranhos o que não ouviram com amor dos pais.
                   E para que sejam admiradas, benquistas, onde quer que estejam.         

       


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